quinta-feira, 2 de setembro de 2010

marinheiro



Não podia ser de outra forma. Não há como sair. Não te podes esconder. Mesmo tentando adiar o inadiável. Evitar o inevitável. Como se continuasses a fugir de ti mesmo. Como se olhasses ao espelho e desejasses com todos os pedaços de pele que te constituem, seres diferente. Talvez mais alto. Mais cuidado. Mais corajoso. E corres porque achas que tens solução. Como se pudesses consertar-te. Como se por magia mudasses quem foste durante uma vida inteira. Como se te rejeitasses. Porque de outro modo perderás o pouco que te resta nas mãos. Sabes que a culpa é tua. É também por isso que tanto queres mudar. Não aguentas o peso de saber que comandaste o navio e o levaste ao naufrágio. E agonizas, preso dentro das saudades que já sentes daquilo que ainda agora partiu.

1 comentário:

  1. mesmo sabendo que não aguentaremos o peso de tal desastre, acho que não devemos deixar de comandar o navio por termos receio que aconteça um naufrágio... nem em sonhos ;)

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